Afrodite: A deusa do amor

Uma das minhas paixões é mitologia, em particular a Grega (embora eu tenha um interesse em quase todas as mitologias que existem, da Nórdica a Japonesa), e já que uma deusa que me impressionou muito é tida como "a oriental" na Grécia, acho que vale falar dela aqui. Quem? Ora, Afrodite, a deusa do amor!

Filha de Urano, deus primordial, representando o próprio céu e marido de Gaia, a terra, nasceu do momento em que Cronos, senhor dos Titãs, derrotou Urano, castrando-o. Do sangue de Urano, caído na terra, nasceram as fúrias, e de seu falo, caído no mar, nasceu Afrodite – quando Cronos ainda era jovem, muito antes do nascimento de Zeus, que ocorre quando este já é senhor de todo o mundo. Contemporânea dos Titãs, mais velha das deusas, tanto ‘irmã mais velha’ quanto ‘mãe’ para os Olimpianos, afinal... quem conhece do amor sempre aparenta ser mais velho, não?

Afrodite é um dos arquétipos mais antigos e poderosos da mitologia. A deusa do amor, a deusa do desejo, desta sensação tão poderosa e humana, a necessidade que, segundo alguns, como Platão, estava no cerne da compreensão do homem – é deste desejo, estabelecido por ele como Afrodite Urânia, ou seu filho, Eros, que advinha toda filosofia, toda a ascensão do homem á maiores formas de ser, de pensar, mas também, todo o sexo, o desejo, a rapina, vinda de seu aspecto Pandêmio É algo tão intrínseco ao ser humano, e ao mesmo tempo externalizado – afinal, sempre desejamos o que não possuímos, o que é diferente, e Afrodite personifica esta diferença, sendo uma deusa ligada á Ásia, a Ístar-Astarté e nas histórias Gregas é descrita saindo da ilha de Chipre, que já é longe da Grécia, para se dirigir a Tróia, no Oriente Médio. E muitos de seus grandes momentos são como mãe de Troianos, e fazendo, é claro, uma poderosa Grega se apaixonar por um Troiano, pelo diferente, pelo exótico, referido pelas mulheres gregas como “o charme de um bárbaro.” Já em Aristófanes, o comediante que escreveu a peça Lisístrata (que a gente conhece muito como A Greve de Sexo) vemos esta correlação, com menções da beleza das mulheres envolvendo “sandálias da Pérsia e seda da Trácia.” entre outros adornos exóticos... hoje e sempre, do exótico vem tanto a beleza e o desejo.

O arquétipo do exótico, é claro, é também ligado a liberdade – de forma etnocêntrica imaginamos que, porquê não conhecemos as limitações do outro, e eles não estão presos as mesmas normas que nós, então simplesmente não possuem normas, são mais livres, mais independentes. E Afrodite não é nada se não independente – ela está sempre em suas ilhas, Chipre ou Citera, sempre vagando em ilhas pelo mar – incapaz de ser presa até pelo casamento, do qual sempre escapa para trair seu marido. Um marido que é o próprio Deus da Forja, absolutamente necessário aos deuses, Hefesto, horrendo e deformado, a quem ela trai com Ares, Deus da Guerra como força, violência, como impulso masculino.

Afrodite e Adônis. Cerâmica grega antiga, 410 a.C.
Os jovens são um ponto importante;  a deusa do amor procura os jovens, o puer que ainda não passou ou que ainda está passando por rito de passagem – aquele que ainda não é um homem, não está pronto para casar, mas, no auge de seu desempenho sexual, quer o sexo, pelo sexo, quer as coisas belas, e não uma esposa. Afrodite deitou-se com Adonis, quase seu filho, e Anquises, um jovem heroi Troiano, seus casos mais famosos sendo com garotos muito jovens, aparecendo sempre como mais velha, mais sábia.

Nisto está o paradoxo de Afrodite: amorosa e culta, e ainda assim, entrelaçando-se com homens jovens e inexperientes, ou poderosos e guerreiros; a atração por Area é parte de um Complexo oppositorium, uma conjugação de opostos. Não seria natural para uma deusa tão plural, tão exótica, ser atraída pelo seu oposto? Por estes mistérios daqueles que a ela são tão diferentes? Mas Afrodite nunca se dá a Zeus e nunca se casa com Ares; a deusa do amor apenas se dá, realmente, a homens mais jovens, e nunca a homens mais poderosos e belos que poderiam dominá-la. Neles instila o desejo, mas independente, aquosa – e existirá sempre, buscando não o casamento ou tais formas de amor, mas sempre de ser a deusa da simples paixão.

Nota: Este texto foi escrito pelo meu amado namorado, Daniel Queiroz, exclusivamente para o blog! Quem falar com ele? Só por e-mail, o menino é um bicho do mato! daniel.queiroz.lima@gmail.com

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