Ela estava sentada em algum lugar pertinho da cafeteria do
salão principal do CCBB, toda
hora ajeitava o cabelo no espelho, ele estava atrasado. Na verdade não é
bem assim, ela sempre acaba chegando no horário ou atrasada, nunca
antes! Então me forço a ser verdadeira e a cena muda.
Ela entra no salão principal e ele já está lá, com as mãos
no bolso, olhando (numa falsa distração) a vitrine da livraria da
Travessa. Ela procura por alguém que a reconheça. Sim, ela não iria
reconhecê-lo. Não é boa fisionomista e, afinal, tinha uma aparência bem mais
exótica que a dele.
Ela pega o telefone, mas nem chega
a discar, pois ele se vira, abre um sorriso e diz: "Oi!". Ela se sente um pouco confusa em sua timidez, num misto de
felicidade e encantamento, e retribui com um "oi" baixinho e um
sorriso. Ela sente o rosto queimar de vergonha e se acha uma idiota por ser tão
tímida. Ele percebe que precisa quebrar o gelo e, passados os segundos iniciais
de constrangimento, se aproxima e o primeiro abraço acontece. Ela o retribui, com
o coração disparado, tentando ser o mais fofa possível... Afinal, ela disse que
era fofa e tinha que fazer jus à sua palavra!
Eles permanecem ali, abraçados, no meio daquele salão com a
iluminação dourada e o cheiro de café... Os segundos se arrastam em minutos,
horas... Uma eternidade... O mundo parou e os dois ali, entrelaçados. Ele sente
o cheiro do perfume dela (ele não sabe, mas ela ficou horas escolhendo o perfume
certo para aquela ocasião). Ela sente a maciez
da camisa dele em contato com seu rosto. O momento era perfeito, mesmo com
qualquer imperfeição que pudesse ter e, aos poucos, a tensão foi se dissipando no ar. Ele tocou o rosto dela, que imediatamente ficou vermelho de novo, e então percebeu que não é a hora certa.
Para quebrar o clima, ela sugere visitar a exposição no
andar de cima e depois sentar em um daqueles bares charmosos, que tem no
entorno do CCBB, para um café acompanhado de conversa. Ele aceita. Mas
aceitaria qualquer coisa, está empolgado com a ideia do encontro físico e
encantado por aqueles olhos brilhantes e envergonhados. Durante a exposição conversam um
pouco e ela tenta ver tudo rapidamente, quer ter tempo de sentar em algum lugar
com calma e conversar mais, conhecer mais. Ela está sempre está preocupada com o
tempo.
Entre uma sala e outra, ele decide
dar um passo a frente. Subitamente a pega pela mão e a beija. Com uma das mãos a
pega pela cintura, com a outra acaricia sua nuca. Enquanto ela joga os braços
em torno de seu pescoço e fica na ponta dos pés. O beijo dura o tempo que
precisa. Quando acaba, ficam sem graça um com o outro, se olham nos olhos e
trocam um sorriso de cumplicidade. Ele a propõe sair dali e beber alguma coisa.
Ela sugere uma caminhada pelas
ruelas que tem no entorno do prédio e explica a similitude daquele lugar com as
ruelas de Roma, na Itália. Ele percebe, pelo tom de voz, sua paixão e orgulho
por ter chegado até lá. Ela percebe o quanto planejou aquele momento e, durante
o trajeto, fica torcendo para que ele a beije novamente. Eles conversam sobre
suas paixões e ele se aproxima mais, tenta tocá-la de alguma forma. Eles param
de andar, se olham e outro beijo acontece, naturalmente. Desta vez ainda mais
cúmplices e íntimos.
A mão dele desliza pelo corpo dela, tentando conhecê-lo um
pouco. Ela coloca as mãos por dentro da camisa dele, precisa sentir sua pele...
Precisa daquele contato. Tudo é tão suave e ao mesmo tempo tão instintivo. Ele
sente o desejo dela, ela sente a paixão dele e o beijo dura ainda mais tempo.
Ora é romântico e carinhoso, ora é sensual e erótico, provocando as mais
diferentes reações.
Decidem parar num bar com mesinhas
na rua. Sentam de frente um para o outro e passam um bom tempo ali, conversando
e bebendo. Ela já não está tímida e o enche de perguntas. Ele acha graça, mas
responde com carinho, enquanto ela o olha admirada, hipnotizada pelo movimento
de seus lábios. Do nada, ela o interrompe e diz: "você é realmente
lindo". Era a vez dele ficar envergonhado.
A conversa flui, ele e sua curiosidade
sexual ilimitada, a bombardeia com perguntas sobre o assunto. Mas ela já está muito
relaxada e as responde sem embaraço, já haviam quebrado a barreira do
estranhamento. Então, decidem sentar perto um do outro e ele a abraça. Outro
beijo acontece e depois mais um, mais um e mais um... Quando perceberam, a hora
tinha voou e ele precisava voltar ao trabalho.
Caminham até a av. Rio Branco,
para que ela pudesse pegar um ônibus para Botafogo, mas no meio do caminho ela,
repentinamente, o beija. Ousada, pega a mão dele, que estava até então bem comportada,
e a coloca em um dos seus seios. Ela queria que ele o tocasse, queria provocar,
queria que ele pensasse nela depois. Este não era só um beijo, era um convite para mais e ele entendeu o recado.
Terminaram o trajeto e pararam em um ponto
de ônibus qualquer. Ela deixou alguns carros passarem, queria ficar mais um
pouco... Gostava de tê-lo por perto. Ficaram mais algum tempo esperando o ônibus, trocando
beijos, carinhos e promessas de futuros encontros. Até que um se aproxima e ela
decide que é a hora de partir. Agora já poderia deixá-lo, ele já era dela.
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