Sou daquele tipo de pessoa que tem prioridades... Pensando bem, acho que obsessões seria a palavra ideal. Sou intensa! Intensa daqueles tipos à la Romeu e Julieta que fogem e morrem por amor. E nem precisa ser um amor pra vida toda, gosto de amores impossíveis, repentinos... E o amor novo é o que mais me seduz. O problema é que, nem sempre, o príncipe encantado é aquele que vai morrer de amores por você. Na verdade, geralmente ele é só um cara comum, nem príncipe é, e você se decepciona quando a capa cai... Incrível, hoje eu sonhei com uma capa, destas de príncipe, que prende nos ombros. Sonhei que entrava numa casa alugada pela família, para passar férias, e encontrava no armário uma capa de príncipe e a vestia... Meus sonhos têm sido proféticos, será que eu vou me transformar num príncipe?! :)
Mas voltando ao meu gosto por prioridades, ontem saí para almoçar com meu ex-namorado e melhor amigo. Na volta resolvemos caminhar um pouco e conversar e, então, ele me fez uma pergunta que me deixou bastante perturbada: "Anne, e o seu mestrado? Há tempos não ouço você falar dele, tinha até esquecido". Me bateu um desespero enorme, como eu pude deixar de lado a coisa mais importante da minha vida, meu sonho, minha única oportunidade? Não sei o que passou comigo nestas ultimas semanas... Quer dizer, sei. E sei que não vale, nem nunca valerá tão à pena quanto o meu sonhado mestrado.
Acontece que, me apaixonei. É isso. Simples como água. E fluido como água... Me apaixonei por palavras, por um beijo tímido, por um rosto que, contrariando a todos, eu achava lindo. Me apaixonei por uma voz suave que cantou no telefone para mim... Por um olhar choroso na webcam me pedindo desculpas e por longas mensagens de texto com canções e declarações... É uma pena que esta paixão foi assassinada. Assassinada por um descuido no trato, por não se importar... Foram tantas desilusões, expectativas quebradas, falta de cumplicidade e importância que, em pouquíssimo tempo, essa paixão se transformou em tristeza.
E tudo isso, esse pouco intenso tempo, me fez esquecer meu único bem real. O alimento da minha alma... Graças às palavras carinhosas dele, meu amigo, companheiro de vida, que soaram como bofetadas no meu rosto branco, deixando aquela marca vermelha de dor e vergonha. Sim, vergonha! vergonha de ter deixado meu maior sonho, que direciona a minha vida, desde aquela manhã na qual levantei da cama com um único pensamento (aí a obsessão): "preciso conhecer a Grécia". Naquela manhã eu percebi onde estava minha real felicidade e o que precisaria fazer para alcança-la.
Ontem tive a última decepção desta paixão repentina e o que restava deste sentimento torto se foi, junto com as lágrimas e a ansiedade de um finalzinho de tarde esperançoso. Não sei se chorava pelo bolo que levei ou por ter constatado que estas semanas de mestrado abandonado foram em vão. Mas ainda bem que eu tenho um anjo para me sacudir de vez em quando e dizer: "você é meu projeto de vida, Anne. Aposto tudo que tenho em você".
Obrigado Daniel. :)