Hermes e suas Coisas divinas

Hermes é um deus que possui muitos elementos que representam sua força e poder. Esses elementos estão com ele em todos os momentos e são retratados em todas as pinturas e afrescos. Seus acessórios são partes fundamentais que se fundem aos seus significados, tornando-se extensões de seu corpo divino.

Um desses elementos são as sandálias aladas, que simbolizam, não somente seu poder de voar, mas seu poder de voar em qualquer lugar. Alem de torná-lo rápido como o vento, como várias vezes é citado pelo grande poeta Homero: “Sem demora, calçou as belas sandálias, imortais, de ouro, que o conduzem sobre o mar ou sobre a ilimitada terra, veloz como o sopro do vento” (Homero. A Ilíada, Pg. 442). As sandálias de Hermes são símbolos de elevação mística e configuram o domínio dos três níveis, Hades, terra e Olimpo.

Além das sandálias, Hermes possui um chapéu, que, assim como a coroa, é um sinal de autoridade em muitas culturas. Segundo Junito Brandão, professor e especialista em mitologia grega, em muitos casos o chapéu, substituindo os cabelos, tem função de receptor de influencias celestes. Mas, para nós, a representação mais significativa do chapéu de Hermes, é a de símbolo da identidade. O chapéu determina a origem da pessoa que o usa e seu nível de poder. Nas sociedades atuais esse costume persiste, tornando possível identificar autoridades como bispos, militares e até mendigos com seus bonés surrados de campanha eleitoral. Na iconografia de Hermes, temos sua representação com um chapéu de formato especial, o πέτασος (pétasos), uma espécie de chapéu muito utilizada por pastores, que assim como Hermes eram nômades, não possuíam terra fixa. Assim é Hermes, o detentor das passagens dos três reinos.

Outro símbolo que representa Hermes é o caduceu (κηρύκειον),que significa “bastão de arauto” e é um símbolo muito antigo, que possui inúmeras interpretações. O caduceu, principal signo de Hermes, é um bastão com duas serpentes enroladas em sentido contrário em sua ponta, formando o famoso símbolo do infinito, proposto por John Wallis. As serpentes representam o equilíbrio harmônico da vida que nasce da morte, já que a serpente é uma representação ctonica e possui aspecto duplo, o dia e noite, direita e esquerda, a vida e a morte. No mito do caduceu, as duas serpentes que estavam em guerra entre si, são separadas por Hermes e colocadas no topo do bastão, criando um equilíbrio entre as tendências contrárias do mundo e simbolizando a paz entre reinos.

O caduceu representa também os dois sentidos, ascendência e descendência, de Hermes, na sua função de Psychopómpos (condutor das almas). Como afirma Junito, no seu livro “Mitologia Grega Vol. 2”: “Sendo Hermes o mensageiro dos deuses e o guia dos seres na sua transmutação, estas duas funções estão bem marcadas pelos dois sentidos ascendente e descendente das correntes representadas pelas duas serpentes”.

Desta maneira é possível perceber a importância destes elementos para a construção mítica de Hermes. Na verdade está não é uma particularidade deste deus, todas as divindades, não só as gregas, tendem a possuir um símbolo, um objeto que as represente. É super importante ficar atento à esses objetos, pois eles dirão muito da personalidade e história do deus.

3 Comentários:

Sthaelle disse...

Legal!
Nunca tive muito interesse em mitologia , mas o seu texto foi muito bem elaborado. Parabéns!

Anne Araujo disse...

Obrigada!!!

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