Porto com vinho e amigos

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Depois de uma prova tensa na faculdade, abri minha mala amarela para uma viagem à terra de nossos colonizadores. Coloquei meu tablet (desisti do peso do netbook, queria ver se ele dava conta do recado) as passagens, celular e um monte de expectativas, fechei e fui dormir. Na manha seguinte acordei bem cedo, queria fazer tudo com calma (essa era uma viagem para descansar), mas a pressa dos companheiros de vôo me contagiou e saímos correndo de casa. 

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Meia hora depois estava desembarcando no lugar que me faria uma pessoa diferente. Eu ainda não sabia, mas estava prestes a mudar, Porto planejava me fazer uma nova Anne. Vanessa ia me buscar no aeroporto, menos mal, já que não conhecia nada ali e meu português teimava em dar lugar ao espanhol (a língua que escolhi para ser nativa). Comprei umas balinhas de goma e fiquei esperando, esperando, esperando… Uma hora depois minha amiga chegou. Peguei o metro maravilhada, que coisa mais linda! Em Madrid o metro é tão ordinário…

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Deixamos a mala no apartamento da Vanessa sob os cuidados do gatinho Simba e corremos para a Faculdade de Letras, com sua arquitetura fantástica e seus estudantes com trajes universitários, cantando e tocando na cantina, enquanto eu tomava um café com casca de limão. Assisti uma aula de mitologia clássica, mas o que prendia a minha atenção era o português com cabelos longos e loiros, sentado ao lado direito da minha amiga. Como os portugueses são lindos.

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Sai da faculdade com muitos amigos no bolso e fui para uma festa de Erasmus. Mais amigos, tequilas e paqueras. A festa terminou com musica brasileira e uma dorzinha no pé por ter dançado a noite inteira. Ah propósito, caminhar pela praça dos Aliados de madrugada, sem ninguém na rua, é a coisa mais energizante que conheço. Apesar que, para mim, toda a cidade era revigorante! Desde uma caminhada pelas margens do rio Douro, até uma visita na livraria Lello.

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Nestes seis dias, tive meus momentos de turista, caminhando pelos monumentos, recebendo cantanda de velhinhos e tirando foto de tudo que aparecia na minha frente. Vi a ponte que foi projetada pelo Gustave Eiffel, o mesmo engenheiro da torre em Paris. Vi o reflexo do sol no Rio Douro, vi as calcinhas enormes das portuguesas, penduradas em varais, Vi um elétrico pessoalmente, comi muito doces, bebi vinho do porto…

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Além disso tive a oportunidade de conhecer um  portuga muito gente boa que nos preparou um jantar com francesinhas, prato típico de Porto, acompanhadas de vodka preta.

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Esta foi um caso a parte, jamais havia experimentado algo tão sublime. Uma dose, depois outra, e outra e quando vi a garrafa estava vazia. É uma pena que o resto da humanidade não tenha acesso a esta bebida apaixonante… Coisas que só encontramos em Portugal ^^.

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No ultimo dia de viagem, a tristeza pré-partida começou a me assombrar e decidi que ia chorar minhas mágoas nas caves de vinho do Porto. Fui sozinha mesmo, já que todo mundo tinha alguma coisa para fazer, dia de semana, sabe como é… A única que não fazia nada era a turista.

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Peguei um elétrico até a Ribeira, contornando o rio Douro, que estava dourado com o brilho do sol, e fui caminhando até as caves. Confesso que atravessar a ponte que liga Porto e as caves, da um certo medo. Ela é grande, imponente, mas pensar que logo abaixo tem um rio feroz, me assustou um pouco.

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Mas logo fui despertada de meus devaneios quando uma mulher cheirando a álcool passou por mim e percebi que já estava do outro lado, nas caves. Não me lembro ao certo em quantas entrei, mas sei que foram muitas. É fascinante estas tais caves, por 3,00 euros você prova os vinhos mais caros. Lembro que o vinho que mais gostei custava 182,00 a garrafa.

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Depois de umas três fazer degustação, sai cambaleante e virei numa ruela deserta. Me lembro de olhar para trás e ver um daqueles ônibus turísticos  passando na rua principal, ignorei meus instintos turísticos e segui em frente. Jamais esquecerei da sensação: o vinho de 182,00 euros na minha corrente sanguínea, o vento frio batendo no meu rosto e a rua deserta. Sentia que poderia fazer qualquer coisa! Caminhei cantarolando “minha patria é minha lingua”, um samba da Mangueira que é emblemático desta viagem.

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Mas, infelizmente, depois de algumas ruelas e becos, vi outros da minha espécie, com suas câmeras fotográficas penduradas no pescoço e apontando para tudo que aparecia. Voltei para o hostel e dormi, profundamente, por 5 minutos! E já estava jogando cartas com meus novos amigos e atualizando o facebook.

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A noite já cobria o céu quando peguei minha mala amarela e o autocarro em direção ao aeroporto. Me sentia sozinha, triste e um quilo mais gorda de tantos doces. Até que, no check-in, encontrei duas amigas brasileiras que havia conhecido em Porto, embarcando no mesmo voo para Madrid e fomos juntas para o portão de embarque. Comprei umas balinhas de goma e sentei na poltrona minúscula do avião com a certeza de que voltaria logo, logo para aquela cidade encantadora.

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Conheci tudo que se espera conhecer de Porto, os vinho, os monumentos históricos, a arquitetura antiga, as caves… Estava tudo lá. Mas nesta viagem aconteceu algo a mais: encontrei amigos! Amigos que este blog apresentou, amigos que foram surgindo nas baladas, amigos que, quando percebi, já haviam entrado na minha vida, sem nenhuma pretensão de sair :)

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1 Comentários:

Amanda Araujo disse...

A cada viagem você se torna outra!!! Outra porque maravilhas lhe são acrescentadas... experiencia, conhecimento, sensações, amigos... E o que me dá mais orgulho é que não esquecemos nossa origem. lembro de ter dito o mesmo que você: Pena que nem todos possuem a mesma oportunidade de ir!!!
Sua linda... adorei a publicação. Adoro ler seu blog, parece que ouço sua voz e sorrisos!!! Besos!

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